Pensar no processo de ensino-aprendizagem hoje existente é, sobretudo, refletir sobre o que de fato entendemos por processo educativo e o que ansiamos ver como representações de educadores e alunos no contexto escolar. Vivendo em uma sociedade cada vez mais complexa e cheia de informações, o educador precisa ser muito mais criativo em suas propostas. A melhor estratégia é a da automotivação, professores e educadores motivados no espaço escolar, consequentemente, motivarão os alunos.
Educador que mostra entusiasmo pelo que fala, pelo conhecimento, contagia a todos. Educador desanimado desanima. Educador muito rico em vivências, leituras, práticas, recursos encontra estratégias diferentes de orientar alunos.
Pergunto a você e o convido a uma reflexão: qual é o tipo de aprendiz que algumas de nossas instituições estão formando? Seria este aluno um ser mais reflexivo, questionador, intelectual e ético? Ao término desta reflexão, acredito que, assim como nós, vocês concluirão que o contrário a este processo vem acontecendo. Estamos vivenciando um ensino pouco instigante e provocativo ao aluno, não lhe possibilitando a construção de um conhecimento significativo.
No processo de ensino atual, a maioria das respostas é apresentada pronta, mastigada, ao aprendiz que não se sente preparado para a busca pelo saber, consequentemente, o caminho ao desafio se anula e o aluno torna-se figura alegórica no processo ensino-aprendizagem.
As regras da escola estão formatadas para o cumprimento de metas por parte dos alunos, e os profissionais, na maioria das vezes, ocupam-se apenas de fiscalizar o cumprimento destas, isentam-se da sua atuação na formação do aluno.
Ser alegórico não é o que se espera que aconteça no ensino, uma vez que a proposta é que a educação funcione como uma via de mão dupla, na qual todos os participantes (professor educador/aluno/instituição) representam papéis importantes e necessários ao processo, não sendo possível a anulação de nenhuma das partes.
Três pilares sustentam a base da educação: a instituição escolar, o professor e o aluno. No decorrer deste texto, já nos preocupamos em falar sobre o professor, educadores e aluno, portanto, abro espaço agora para falarmos da Instituição. O que devemos esperar de nossas instituições de ensino? Onde estas pretendem chegar? Qual público pretendem atingir? Que tipo de cidadão anseiam formar?
Quando nos referimos a estes questionamentos, não aludimos apenas ao ensino público, mas também ao privado. Falamos de educação e processo educativo ocorrendo em todas as suas possibilidades. A escola precisa reaprender a ser uma organização efetivamente significativa, inovadora, empreendedora.
Algumas escolas são previsíveis demais, burocráticas, pouco estimulantes para os bons educadores e alunos. Estão envelhecidas em seus métodos. A maioria das escolas e universidades distancia-se da realidade, e sobrevive porque representa os espaços obrigatórios e legitimados pelo Estado.
As escolas conservadoras e deficientes atrasam o desenvolvimento da sociedade e retardam as mudanças, elas precisam partir de onde o aluno está, das suas preocupações, necessidades, curiosidades e construir um currículo que dialogue continuamente com o cotidiano.
A instituição escolar deve priorizar o aluno e não o conteúdo, e despertar a curiosidade e o interesse. Precisa de bons gestores e educadores, bem remunerados e formados em conhecimentos teóricos, em novas metodologias, no uso das tecnologias de comunicação mais modernas.
A escola precisa cada vez mais incorporar o humano, a afetividade, a ética, mas também as tecnologias de pesquisa e comunicação. Hoje ela precisa estar em perfeita harmonia com as novas tecnologias, pois desta forma possibilitará a construção de uma nova era, que visa uma melhor preparação do aluno para a realidade do mundo atual.
Veja a poesia de Paulo Freire “A Escola”, retirada da revista Nova Escola de junho/julho de 2003. Neste texto, o autor define a escola de seus sonhos. Aproveite, prezado aluno, para tirar as próprias conclusões de como você acredita que deva ser a sua Escola ideal. Embarque conosco nesta leitura.
A escola
Escola é …
o lugar onde se faz amigos,
não se trata só de prédios, salas, quadros,
programas, horários, conceitos…
gente que trabalha, que estuda,
que se alegra, se conhece, se estima.
O diretor é gente,
O coordenador é gente, o professor é gente,
o aluno é gente,
cada funcionário é gente.
E a escola será cada vez melhor
na medida que cada um
se comporte como colega, amigo, irmão.
Nada de “ilha cercada de água por todos os lados”.
Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir
que não tem amizade a ninguém,
nada de ser como o tijolo que forma a parede,
indiferente, frio, só.
Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,
é também criar laços de amizade,
é criar ambiente de camaradagem,
é conviver, é se “amarrar nela”!
Ora, é lógico…
numa escola assim vai ser fácil
estudar, trabalhar, crescer,
fazer amigos, educar-se,
ser feliz.
Poesia do educador Paulo Freire, retirada da Revista Nova Escola (junho/ julho 2003)